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terça-feira, 18 de outubro de 2011

AS MENINAS DO PEDAL!

Meninas de bicicleta; Que fagueiras pedalais
Quero ser vosso poeta! Ó transitórias estátuas
Esfuziantes de azul; Louras com peles mulatas
Princesas da zona sul; As vossas jovens figuras
Retesadas nos selins; Me prendem, com serem puras
Em redondilhas afins; Que lindas são vossas quilhas
Quando as praias abordais! E as nervosas panturrilhas
Na rotação dos pedais; Que douradas maravilhas!
Bicicletai, meninada; Aos ventos do Arpoador
Solta a flâmula agitada; Das cabeleiras em flor
Uma correndo à gandaia; Outra com jeito de séria
Mostrando as pernas sem saia; Feitas da mesma matéria.
Permanecei! vós que sois; O que o mundo não tem mais
Juventude de maiôs; Sobre máquinas da paz
Enxames de namoradas; Ao sol de Copacabana
Centauresas transpiradas; Que o leque do mar abana!
A vós o canto que inflama; Os meus trint’anos, meninas
Velozes massas em chama; Explodindo em vitaminas.
Bem haja a vossa saúde; À humanidade inquieta
Vós cuja ardente virtude; Preservais muito amiúde
Com um selim de bicicleta; Vós que levais tantas raças
Nos corpos firmes e crus; Meninas, soltai as alças
Bicicletai seios nus! No vosso rastro persiste
O mesmo eterno poeta; Um poeta – essa coisa triste
Escravizada à beleza; Que em vosso rastro persiste,
Levando a sua tristeza; No quadro da bicicleta.
Vinícius de Moraes

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